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Estamos vivendo uma crise.
Porém, de conseqüências muito mais catastróficas do que a crise econômica mundial, que temos presenciado todos os dias, estampada nas primeiras páginas dos jornais, no rádio e na televisão.
Ao contrário da crise econômica que é visível e atinge nações pelos quatro cantos da Terra, esta outra crise é quase que imperceptível e tem atingido em cheio ao povo de Deus, individualmente.
Agindo vagarosa e sorrateiramente, vem solapando a nossa fé, corroendo os alicerces da nossa vida e nos distanciando, cada vez mais, do foco de um cristianismo autêntico, que glorifique, e não envergonhe a Deus.
São três os aspectos que caracterizam esta crise, os quais veremos a seguir e merecem nossa especial atenção.
  1. FALTA DE TEMOR A DEUS
O primeiro aspecto diz respeito à falta do temor de Deus. Mesmo regeneradas, as pessoas parecem reconhecer Cristo apenas como seu salvador pessoal, esquecendo-se de que Ele é também Senhor de suas vidas.
Um dos comentários mais tristes que ouvimos é o de pessoas que não querem fazer negócios com cristãos ou não querem ter um cristão como patrão ou empregado. Qual a razão disto? Não há temor de Deus. As pessoas se autodenominam cristãs, mas a vida delas está longe de Cristo.
O que fala mais alto não são palavras, mas o nosso testemunho de vida. E quando não há temor de Deus, não há testemunho e, sim, “tristemunho”.
Quando Moisés matou o egípcio, ele olhou para a direita e depois para a esquerda, mas esqueceu-se de olhar para cima. Êxodo 2.12: Olhou de um e de outro lado, e, vendo que não havia ali ninguém, matou o egípcio, e o escondeu na areia.” Bill Gothard diz que temer a Deus é: “a consciência deliberada de que Deus está observando todas as coisas e avaliando todas as coisas que eu penso, digo e faço”.
Deus vê tudo. Ele sabe de tudo. Ele está avaliando tudo.
Temor de Deus significa reverência. Significa ter senso da grandeza de Deus, da glória de Deus e da majestade de Deus. É ter a consciência de que Deus é o Juiz de toda a terra e de que todos nós estamos em suas mãos. Hebreus 10.31: Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo.
Quanto mais você teme a Deus, quanto mais você permanece em sua presença, mais você tem receio de desagradar a Deus. Sua presença em nossas vidas não deve significar uma espada apontada para nossos pescoços, mas um receio saudável de não magoar ou de não desapontar a Deus. Nossas decisões devem ser tomadas não com base no que nos agrade, mas no que agrada a Deus.
  1. TRADIÇÕES RELIGIOSAS
O segundo aspecto diz respeito às tradições religiosas que vão se formando durante nossa caminhada cristã. Quanto mais tempo temos de vida cristã, mais corremos o risco de nos acomodar em nossos hábitos.
Todavia, o próprio apóstolo Paulo nos adverte para esta acomodação, para não tomarmos a forma deste mundo, renovando sempre a nossa mente. Romanos 12.2: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
No capítulo 2 de Romanos, o apóstolo Paulo está argumentando que tanto judeus como gregos estão debaixo da ira de Deus e que precisam da salvação em Cristo Jesus. Só que os judeus eram os primeiros a se justificarem, sempre tinham algum argumento. Os judeus não aceitavam a salvação em Jesus, porque entendiam que já eram salvos, por causa de suas tradições, consubstanciadas em três elementos:
a)       Porque faziam parte da nação escolhida por Deus;
b)       Porque tinham um sinal de fato e exterior da aliança: a circuncisão; e,
c)       Porque tinham recebido de Deus a sua lei.
Existem muitas pessoas, hoje, agindo como os judeus, fundamentando sua salvação em tudo, menos na pessoa de Jesus Cristo. Pessoas que estão justificando inconscientemente uma vida de pecado, em tradições religiosas. Vivem dissolutamente, achando que, porque são membros de uma igreja, ou porque detém a revelação desta ou daquela palavra, ou porque foram curados disto ou daquilo, podem viver segundo seus padrões pessoais de conduta. Só que o único padrão de conduta autêntico e verdadeiro é o de Cristo, segundo a Graça de Deus e o seu Evangelho.
O principal erro dos judeus era fazer a separação entre a doutrina e a vida. O judeu não levava em consideração a vida diária. O que fazia não tinha importância porque, afinal de contas, era judeu. Há muitas pessoas interessadas na doutrina, inclusive da cruz, mas que se esquecem da vida prática. João 13.17: Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.
  1. SOBERBA ESPIRITUAL
O terceiro aspecto diz respeito à soberba espiritual. Esta é uma característica que pode aparecer quando se busca apenas conhecimento, sem a sabedoria e a revelação divinas. O conhecimento em si é bom, mas se o objetivo final deste conhecimento não for o de alcançar uma vida transformada pelo Espírito, que produza frutos no Espírito e que edifique outras pessoas, ele, então, se torna estéril e de nenhum valor.
O apóstolo Paulo nos ensina em 1º Coríntios 8.1: ... O saber ensoberbece, mas o amor edifica. Comentando este versículo, Russell Champlin escreve: “Essa variedade errada de conhecimento servia somente para deixá-los orgulhosos, altivos, destruindo o vínculo da paz e a comunhão no seio daquela igreja. Seja como for, o  conhecimento, até mesmo quando é da melhor qualidade, não pode dar solução a todos os problemas. O amor cristão é o grande meio para resolver os problemas e regular a conduta dos crentes.” Paulo fala em 1º. Coríntios 13.4: O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece.
Precisamos de sabedoria divina e não deste conhecimento incorreto que incha a pessoa intelectualmente.
O oposto da soberba é a humildade. E a humildade é uma das características do cristão autêntico. Disse Jesus em Mateus 11.29: Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
A essência do saber não é o conhecimento, mas o temor do Senhor, conforme diz o Salmo 111.10: O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria; revelam prudência todos os que o praticam. O seu louvor permanece para sempre.
Por que estes três aspectos são tão nocivos para o cristão?
Porque, agindo assim, o homem acaba se tornando independente de Deus, quando deveria viver para Ele e tornando-se dependente Dele. Vida cristã é vida na dependência de Cristo e não independência Dele.
Todos estes três aspectos que acabamos de mencionar decorrem do fato de que, paradoxalmente ao que afirmamos crer, vivemos inconscientemente à margem de Deus, desligados Dele, como se fôssemos pequenos deuses para nós mesmos.
Muitos de nós passamos nossas vidas tentando evitar a verdade da Palavra de Deus, porque não queremos andar de acordo com ela. Isto é rebeldia. Não confunda a  liberdade que Deus lhe deu em Cristo Jesus, livrando-o das amarras do pecado, com a possibilidade de, agora, levar uma vida segundo a sua própria vontade, a fim de satisfazer seus desejos pessoais egoístas. Gálatas 5.13 “Porque vós, irmãos, fostes  chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne” ... Nem uma vida dissociada da direção de Deus.
O único conhecimento que pode nos libertar verdadeiramente é o conhecimento de Cristo, da sua pessoa.
Na verdade, é a própria vida Dele em nós. João 8.32 “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
Jesus é a verdade que nos liberta de fato. Não é o  conhecimento bíblico que liberta, mas a própria pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, revelada pelo Espírito Santo. João 14.6 Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”.
Como, então, podemos corrigir o curso de nossas vidas, livrando-nos da falta do temor de Deus, das tradições religiosas e da soberba espiritual? Somente pela graça e pela misericórdia de Deus, temendo-o e praticando a sua presença em nossas vidas.
Precisamos clamar ao Pai para que venha perscrutar o nosso coração, revelando-nos estas verdades e guiando-nos pelo caminho certo. Salmos 139.23-24 “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.”
Quando você tem uma consciência limpa, você é capaz de desfrutar de seu amor e liberdade.
Que Deus nos dê graça para enxergar e nos livrar de toda altivez, a fim de termos uma vida que verdadeiramente glorifique ao Pai, não segundo o nosso padrão deformado, mas segundo o padrão de Cristo.
Deus abençoe sua vida!
Fonte: F.Prison
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