"Está Consumado" (João 19.30)
Há vários anos atrás, Paul Simon
e Art Garfunkel nos encantaram com uma canção de um menino pobre que foi para
Nova Iorque em sonho e caiu vítima da vida cruel da cidade. Sem dinheiro, tendo
apenas estranhos como amigos, ele passava os dias "escondido, procurando
os lugares mais pobres aonde os mendigos vão, buscando pontos que só eles
conhecem”.
É fácil imaginar esse jovenzinho
de rosto sujo e roupas velhas, procurando trabalho e não encontrando. Ele se
arrasta pelas calçadas, lutando contra o frio e sonhando em ir para algum lugar
"onde os invernos da cidade de Nova Iorque não me façam sangrar,
levando-me para casa".
O garoto pensa em desistir. Em
voltar para sua cidade. Desistir — algo que nunca pensou que pudesse fazer.
Mas no momento em que pega a
toalha para atirá-la ao ringue, encontra um boxeador. Lembra-se destas
palavras?
No espaço vazio se acha um
lutador profissional levando com ele cada golpe que o cortou até que gritasse
de ira e vergonha – "Vou embora, vou embora!" mas o lutador permanece
mesmo assim.
"O lutador permanece."
Existe algo magnético nessa frase. Ela soa autêntica.
Os que permanecem como o lutador
são uma espécie rara. Não quero dizer necessariamente vencer, mas apenas
permanecer. Ficar agarrado ali. Terminar. Não ir embora até que seja feito. Mas
infelizmente muitos poucos de nós fazem isso. Nossa tendência humana é desistir
cedo demais. Nossa inclinação é parar antes de cruzar a linha de chegada.
Nossa incapacidade de terminar o
que começamos é vista nas menores coisas:
- Um jardim com metade da grama cortada.
- Um livro lido pela metade.
- Cartas começadas, mas inacabadas.
- Um regime posto de lado.
- Um carro sobre cavaletes.
- Uma criança abandonada.
- Uma fé vacilante.
- A pessoa que muda sempre de emprego.
- Um casamento falido.
- Um mundo não evangelizado.
Estou tocando em algumas feridas
abertas? Há qualquer possibilidade de estar me dirigindo a alguém que esteja
considerando desistir? Se estou, quero encorajar você a permanecer. Quero
encorajá-lo a lembrar da determinação de Jesus na cruz.
Jesus não desistiu. Não pense,
porém, nem por um minuto, que não foi tentado a fazê-lo. Observe como ele
estremece ao ouvir seus apóstolos caluniarem e discutirem. Olhe para ele quando
chora junto ao túmulo de Lázaro ou quando se lamenta ao agarrar-se ao solo de
Getsêmani.
Ele jamais quis desistir? Claro
que sim!
Essa a razão pela qual suas
palavras são tão esplêndidas. “Tetélestai” "Está consumado."
Pare e ouça. Você pode imaginar
o grito da cruz? O céu está escuro. As outras duas vítimas gemem. As bocas
zombeteiras se calaram. Talvez haja trovões. Talvez choro. Talvez silêncio.
Jesus inala então profundamente, empurra os pés sobre o prego romano e grita:
"Está consumado!"
O que estava consumado?
O plano da redenção do homem,
longo como a história, estava consumado. A mensagem de Deus para o homem havia
terminado. As palavras de Jesus como homem na terra não mais se repetiriam. A
tarefa de escolher e treinar embaixadores terminara. O trabalho estava
terminado. A canção fora cantada. O sangue derramado. O sacrifício feito. O
aguilhão da morte fora removido. Tudo acabara.
Um grito de derrota?
Dificilmente. Se as suas mãos não tivessem sido pregadas, ouso dizer que um
punho triunfante teria sido levantado para o céu escuro. Não, não foi um grito
de desespero. Mas de realização. Um grito de vitória, de cumprimento. Também um
grito de alívio.
O lutador permaneceu. E
agradecemos por tê-lo feito. Graças a Deus que Ele suportou.
Você está prestes a desistir?
Não faça isso. Está desanimado como pai? Fique firme. Está cansado de fazer o
bem? Faça apenas um pouco mais. Está pessimista em relação a seu emprego?
Arregace as mangas e persevere. Não existe comunicação em seu casamento? Dê-lhe
mais uma injeção. Não consegue resistir
às tentações. Aceite o perdão de Deus e continue em frente. Seu dia está cheio
de tristeza e desapontamentos? Seus amanhãs estão-se transformando em
"nuncas"? A esperança é uma palavra esquecida?
Lembre-se, quem persevera não é
aquele que não apresenta ferimentos nem está cansado. Pelo contrário, ele, como
o lutador de boxe, está cheio de cicatrizes e sangrando. Estas palavras foram
atribuídas a Madre Teresa: "Deus não nos chamou para ser bem-sucedidos,
mas fiéis." O lutador, como nosso Mestre, foi traspassado e está cheio de
dores. Ele como Paulo, pode ter sido até algemado e açoitado. Mas permanece,
persevera.
A Terra Prometida, diz Jesus,
aguarda os que perseveram. (Mateus 10.22). Ela não é apenas para aqueles que
alcançam a vitória ou bebem champanhe. Não, de modo algum. A Terra Prometida é
para aqueles que simplesmente permanecem até o fim.
Vamos perseverar.
Ouçam este coro de versículos
destinados a dar-nos poder para manter-nos firmes:
Meus irmãos tende por motivo de toda a alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. (Tiago 1.2,3)
Por isso restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos; e fazei caminhos retos para os vossos pés, para que não se extravie o que é manco, antes seja curado. (Hebreus 12.12,13)
E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos. (Gálatas 6.9 )
Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda. (2 Timóteo 4.7,8 )
Bem-aventurado o homem que suporta com perseverança a provação; porque, depois de ter sido provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam. (Tiago 1.12 )
Obrigado, Paul Simon. Obrigado, apóstolo Paulo. Obrigado, apóstolo Tiago. Mas, obrigado mais que tudo ao Senhor Jesus, por nos ensinar a perseverar, a nos manter firmes e, no final, a terminar.
Max Lucado
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Cristã
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