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Gênesis 37.35E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; recusou porém ser consolado, e disse: Porquanto com choro hei de descer ao meu filho até à sepultura. Assim o chorou seu pai.”
Gênesis 46.4 “E descerei contigo ao Egito, e certamente te farei tornar a subir, e José porá a sua mão sobre os teus olhos.”


Algumas perguntas se fazem necessário:

Porque Deus ficou tanto tempo sem falar com Jacó a respeito das promessas referentes ao concerto? E, porque Deus fala sobre José só agora, depois que Jacó já havia descoberto que ele estava vivo. Porque Deus não falou antes sobre José estar vivo, desta forma apaziguando o coração de Jacó?

Por que Deus às vezes se cala? O que nos ensina o silêncio de Deus?

Um dos maiores escritores da língua portuguesa e também considerado o maior expoente da literatura brasileira – Machado de Assis, em seu romance Memórias Póstumas de Brás Cubas ocorre uma frase no mínimo intrigante.
 “... Há coisas que melhor se dizem calando...”.

Existe um ditado popular que diz:- “Há momentos que o silêncio é a melhor resposta”.

Há também uma música muito conhecida no meio evangélico que diz mais ou menos assim:- “Há momentos que Deus se cala e não ouço a sua voz

A trama do texto que lemos trata de um episódio da vida de Jacó em que Deus fica em silêncio e aparentemente ausente. E a pergunta mais inquietante é porque Deus se cala quando eu mais preciso dele?

Você já enfrentou situações em que aparentemente Deus se esqueceu de você e de suas promessas? Não desanimes, porque você não é o único, Jacó também enfrentou esse tipo de situação.

Vamos debruçar sobre o texto e tentar responder algumas perguntas.

1 - Deus fica em silêncio para que possamos crescer na confiança depositada em seu caráter.

Fazia aproximadamente 20 anos que Deus havia falado com Jacó pela última vez, isso ocorreu no capitulo 35, a partir daí Deus muda de foco e começa a falar com José.

É muito confortável confiar em Deus quando estamos recebendo palavras proféticas, palavras de promessas e de encorajamento. Quando nosso ministério esta fluindo, quando a presença de Deus é tão evidente que é quase palpável.
Fica fácil confiar em um Deus que está sempre presente para nos livrar de todo o mal, e pronto para atender todos os nossos pedidos.

No entanto existe uma dimensão em que precisamos aprender a confiar em Deus mesmo que ele esteja “ausente”. Penso que a igreja moderna precisa aprender a confiar no caráter de Deus, mesmo não havendo nenhum motivo aparente e concreto para se confiar nele.

 “Jó apegou-se à justiça de Deus quando, aparentemente, ele era o melhor exemplo da pretensa injustiça de Deus. Ele não procurou o doador por causa das dádivas; quando todas as dádivas foram removidas, ainda procurou o doador”. Phillip Yancey

Isso que é confiança no caráter de Deus! Será que estamos dispostos a continuar confiando em Deus, mesmo que aparentemente ele tenha nos esquecido? Estamos dispostos a procurar o doador mesmo depois de ele ter removido suas dádivas?
Precisamos como igreja, voltar à essência do que significa fé.

Nas palavras do Ricardo Gondim: “Fé significa confiança inabalável no caráter de Deus, ou seja, confiamos em quem ele é independente do que esteja fazendo, pois mesmo que ele esteja ‘ausente’ não significa que ele tenha nos abandonado, e se esquecido de suas promessas.”

Deus continua conosco mesmo em silêncio.

2 - Deus se cala para que possamos aprender a tomar decisões.

Deus poderia ter mostrado a Jacó através de uma visão que José ainda estava vivo. No entanto Deus não interferiu no direito que o ser humano tem de dizer a verdade ou a mentira.

Deus respeita o direito que ele próprio nos outorgou na criação, o livre arbítrio, o direito de dizer sim e não.

O Deus da bíblia não manipula ninguém, não força, não coage as pessoas para que sua vontade seja cumprida.

Notem o que diz Jesus de Nazaré: "Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo" (Ap3. 20). Jesus primeiro pergunta se pode entrar.

 “Jerusalém, Jerusalém, você que mata os seus profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram” (Mt 23.37). Jesus fez de tudo para restaurar os filhos de Jerusalém, mas respeitou o direito deles de dizerem não.
“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso” (Mt 11.28). Jesus nunca se impôs, ao contrário, ele fazia um convite correndo o risco de ser rejeitado. Como o apóstolo João afirmou: “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam”.

Vejam que coisa extraordinária, Deus esperou que os próprios irmãos de José resolvessem contar toda a verdade, sem, contudo manipular a situação (Gn. 45.25-26).
Deus não interfere no direito que tenho de escolher quem eu quero ser, ele me fornece princípios, me dá sabedoria, me orienta. Mas quem toma a decisão sou eu.
Acredito que essa seja a razão do porque a vontade de Deus não é plenamente realizada aqui na terra, porque ele permite que a humanidade tome suas próprias decisões.

 “A força mais contundente de Deus não vem de sua capacidade de se impor ou de barganhar a fidelidade de seus filhos, mas de permitir que livres, eles queiram ou não a sua companhia. Deus prefere ser conhecido como Pai, e não como déspota celestial”.
R.G

3 - Deus às vezes fica “ausente” para que possamos amadurecer nossa humanidade.

Deus se ausenta para que cresçamos como seres humanos. Penso que foi por essa razão que Deus ficou em silêncio por certo período de tempo da vida de Jacó.

Imaginem uma cena: em que uma criança nasce e é colocada em um berço, depois de certo tempo ela cresce mais um pouquinho e é colocada em um berço um pouco maior, daqui a pouco ela já é adulta e continua dormindo num berço grande.
A história é engraçada, mas é assim que queremos nos relacionar com Deus.
Queremos que ele nos ouça sempre em nossas petições, que abra todas as portas de emprego, que nos cure sempre de todas as doenças, ou melhor, que nunca permita que fiquemos enfermos etc.
 A grande pergunta é a seguinte, se Deus satisfazer todos os meus caprichos onde é que sobra espaço para eu desenvolver minha humanidade?
Por que se ele me atendesse sempre, me curasse sempre, nunca permitisse que eu enfrentasse dificuldade alguma.
Eu seria uma espécie de protegido de Deus, seria especial ou predileto, ou ainda seria quase uma divindade. De fato eu não seria humano, pois a vida humana é marcada por aflições ( Jo. 16.33 ).

È nesse processo chamado lutas, dificuldades, que nós seres humanos vamos gradativamente desenvolvendo nossas virtudes, nossa grandeza, em fim vamos nos tornando mais humanos, mais maduros.

Aliás, alguma coisa existe de errado em uma religião em que as pessoas com o passar do tempo ao invés de se tornarem mais humanas, vão se tornado mais “divina”, mais arrogante, mais desumana.

A mensagem do cristianismo é exatamente esta, que à medida que nos aproximamos de Jesus a sua natureza seja implantada em nós, e isso nos habilita a participarmos da natureza divina.
E essa natureza divina em nós paradoxalmente nos impulsiona a querermos ser mais humanos.

Jesus veio ao mundo não apenas para conhecermos o perfeito Deus, mas também para conhecermos o perfeito homem.


Deus abençoe sua vida!
Fonte:http://sermoesexpositivos.blogspot.com

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